Diagnosticado com superdotação, bailarino de Uberaba ganha bolsa de R$ 700 mil para estudar nos EUA: ‘Isso que eu quero da vida’

  • 27/08/2025
(Foto: Reprodução)
Bailarino de Uberaba é aprovado em universidade de dança nos EUA Adiantado na escola, Vithor Ricardo Languardia, de 20 anos, sempre viveu em outro ritmo. Diagnosticado ainda na infância com superdotação e dislexia, o jovem cresceu em Uberaba, no Triângulo Mineiro, sabendo de sua condição. Sempre “curioso e dedicado”, como o descreve a mãe, Fernanda Languardia, de 45 anos, Vithor correu — ou melhor, dançou — atrás dos seus sonhos. E em junho de 2025, conquistou. Morando atualmente em Joinville (SC), o bailarino foi aprovado com bolsa integral para estudar Dança na Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. O benefício, equivalente a cerca de R$ 700 mil, cobre parte dos custos da nova formação acadêmica. A Universidade de Oklahoma é reconhecida pela excelência em Dança e oferece bolsas integrais para estudantes com alto desempenho acadêmico e artístico. A seleção inclui análise de portfólio, histórico escolar, proficiência em inglês e entrevistas. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Triângulo no WhatsApp Antes disso, Vithor concluiu a graduação em Biomedicina e está prestes a se formar como bailarino pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. “Eu vim para Joinville há 9 anos e eu nem imaginava todo esse mundo da dança, mas a partir do momento que eu entrei, eu pensei ‘tá, é isso o que eu quero da vida’, e depois de 8 anos de formação na escola [de balé] Bolshoi, eu recebi essa notícia”, disse Vithor à TV Integração. Diagnóstico precoce Desde os primeiros anos, Vithor demonstrava habilidades avançadas. Aprendeu a ler sozinho aos três anos e, aos seis, foi diagnosticado com dislexia e superdotação. Com dificuldades de adaptação, a família buscou instituições em Uberaba que pudessem atender às necessidades específicas do menino. Segundo o psicólogo Cláudio Lima, o caso de Vithor é conhecido como “dupla excepcionalidade”, quando há desafios com a linguagem escrita, mas também uma capacidade cognitiva acima da média. “Quando falamos em superdotação, não estamos necessariamente falando de genialidade, mas de pessoas que apresentam um funcionamento cerebral diferenciado. A neurociência mostra que eles têm conexões mais rápidas e eficientes”, explicou o psicólogo. Vithor relata que, por muito tempo, teve dificuldade em aceitar suas características e “não queria acreditar que era diferente”. Até os nove anos, enfrentava sérios problemas de aprendizado, mas anos depois, o cenário se inverteu e ele foi reclassificado duas vezes, concluindo o ensino médio aos 15 anos. Segundo Cláudio Lima, a superdotação precisa de estímulo e apoio. “Se o paciente acredita que a dislexia é um limite, pode desenvolver ansiedade. Mas, se compreende que sua forma de aprender é diferente, transforma o desafio em resiliência. Quando há suporte, a dislexia não anula a superdotação — pode se tornar combustível", afirmou o psicólogo. Uberabense bailarino da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC). Redes Sociais/Divulgação Apoio familiar Fernanda e José Ricardo Rocha de Moraes, pais de Vithor, sempre priorizaram o bem-estar dos filhos. Mesmo enfrentando dificuldades financeiras, fizeram o possível para garantir qualidade de vida e oportunidades para os filhos. “Vithor foi nossa primeira experiência, então tudo foi mais difícil. Não sabíamos muito sobre altas habilidades. Com Matheus foi mais tranquilo, porque as características eram parecidas. Já com Laís, tudo tem sido mais leve. Além da vivência com os meninos, tive tempo para estudar mais sobre o assunto e fiz Pedagogia, o que me ajudou bastante”, disse Fernanda. Todos os irmãos de Vithor também foram diagnosticados com altas habilidades e seguiram o caminho artístico do mais velho. Matheus, de 18 anos, e Laís, de 12, encontraram na arte uma forma de se expressar e se conectar com o mundo, cada um com sua essência, mas unidos pelo mesmo talento. “Quando comecei a entender melhor sobre o transtorno e adotei novas estratégias de aprendizado, percebi que não deixaria a dislexia ser uma barreira. Mais maduro, consegui melhorar meu desempenho. Acredito que meu esforço em contornar os efeitos negativos foi o que me levou a essa oportunidade nos EUA”, contou o bailarino. Do circo aos palcos de Joinville Em 2016, por motivos pessoais, a família se mudou para Macapá (AP), onde morou em um circo durante um período. O proprietário, amigo da família, ofereceu moradia em troca de serviços. E nesse ambiente, por meio de projetos sociais, que Vithor teve mais contato com o universo artístico. Músico autodidata, ele toca violão, piano e violino, além de cantar, compor, atuar, escrever poesia e se apresentar como artista circense. Percebendo o talento do jovem, o proprietário indicou à família a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC). Um ano depois, em busca de melhor ensino para os filhos, a família decidiu se mudar para a cidade catarinense. A viagem foi feita por terra e água: três dias de barco até Belém (PA) e dez dias de carro até Joinville. O veículo foi comprado horas antes da partida e vendido ao chegar, garantindo recursos para os primeiros meses. “Viemos com um propósito muito grande. Acredito que eles foram agraciados por Deus”, disse Fernanda. E foi em julho de 2018, durante o Festival de Dança de Joinville, que Vithor se inscreveu na seletiva da Escola Bolshoi. Mesmo sem experiência na dança, o jovem surpreendeu a todos passando nas três etapas, dando início a sua formação como bailarino profissional. “Antes da seletiva, eu não tinha nenhuma relação com a dança, muito menos com o balé clássico. Sempre fui tímido e nunca imaginei me expor como faço hoje. Toda minha percepção sobre o balé foi construída dentro da escola. Foi um encontro inesperado e precioso”. Festival de Dança de Joinville é o maior do mundo Reprodução/Festival de Dança de Joinville Bolsa nos EUA Durante um intercâmbio entre a Escola Bolshoi e a Universidade de Oklahoma, Vithor conheceu o diretor artístico Glenn Edgerton. Após algumas aulas, o bailarino se identificou com o estilo de ensino e reforçou o interesse pela universidade. “No dia da partida, tivemos uma última conversa. Ele disse que gostou de mim e da minha dança, e me passou seu e-mail. Dias depois, recebi a proposta de bolsa pela direção do Bolshoi e confirmei meu interesse”, relatou Vithor. No caso de Vithor, a bolsa integral cobre cerca de U$ 140 mil — o equivalente a R$ 700 mil. Apesar do benefício, a família ainda precisa arcar com parte dos custos durante a formação. Para ajudar tornar esse sonho real, a família está promovendo uma campanha nas redes sociais. 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FONTE: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2025/08/27/diagnosticado-com-superdotacao-bailarino-de-uberaba-ganha-bolsa-de-r-700-mil-para-estudar-nos-eua-isso-que-eu-quero-da-vida.ghtml


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