Número de adolescentes com excesso de peso cresce mais de 10 vezes em Uberaba; Uberlândia registra índice de 38,7%
01/09/2025
(Foto: Reprodução) No Brasil, uma em cada três crianças e adolescentes de 10 a 19 anos tem excesso de peso
Reprodução/EPTV
O número de adolescentes com excesso de peso em Uberaba passou de 279 para 3.650 em 2024, aumento de mais de 10 vezes em uma década. Em Uberlândia, o total de adolescentes com sobrepeso caiu de 8.907 para 6.173. Os dados são de um levantamento nacional com base nas informações do Sistema Único de Saúde (SUS).
As duas cidades do Triângulo Mineiro registraram aumento no percentual de crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos com sobrepeso, obesidade ou obesidade grave. Considerando o grupo de idade cadastrado no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan):
Em Uberaba, o índice subiu de 28,8% em 2014 para 35,6% em 2024 entre crianças e adolescentes com sobrepeso.
Em Uberlândia, o índice passou de 26,8% em 2014 para 38,7% em 2024 entre adolescentes de 10 a 19 anos com excesso de peso em 2024.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Triângulo no WhatsApp
Índices de excesso de peso reduziram em menores de 5 anos
Já entre crianças menores de 5 anos, Uberaba e Uberlândia registraram queda no percentual de sobrepeso e obesidade.
Em Uberaba, o índice caiu de 10,9% para 8,4%. Em Uberlândia, passou de 11,5% para 8,0%.
Obesidade infantojuvenil ainda é preocupante no Brasil
No recorte nacional, uma em cada três crianças e adolescentes de 10 a 19 anos no Brasil tem excesso de peso. Os dados divulgados pelo portal g1 mostram que 2,6 milhões de crianças e adolescentes nessa faixa etária têm sobrepeso.
Sobrepeso: 1.542.975
Obesidade: 840.808
Obesidade grave: 237.228
🧑⚕️Especialista em saúde pública que participou da pesquisa, Fernanda Soares diz que o quadro retrata um cenário preocupante que afeta a próxima geração de adultos no país.
“O Brasil enfrenta hoje um quadro preocupante e crescente de excesso de peso entre crianças e adolescentes. (...) Esse cenário reflete mudanças importantes nos hábitos alimentares, sedentarismo e também desigualdades regionais. A dimensão do problema, além de relacionar-se diretamente com a saúde pública, também é econômica e social: sobrecarrega o sistema de saúde, aumenta custos futuros com doenças crônicas e compromete a qualidade de vida dessa população”, explica.
infográfico jovens com sobrepeso
arte g1
LEIA TAMBÉM:
Uberlândia tem a 3ª maior nota do Brasil em qualidade de vida
Cinco bairros mais populosos de Uberlândia concentram 20% da população
Uberlândia ultrapassa 760 mil habitantes, segundo o IBGE; veja estimativas de outras cidades
Por que isso está acontecendo?
🍪 A pesquisa mostra que a alta é motivada pelo alto consumo de ultraprocessados, de bebidas adoçadas e embutidos –alimentos assinalados como parte importante da dieta pela maioria daqueles que foram identificados com sobrepeso.
🍝 Entre os alimentos citados estão macarrão instantâneo, biscoito recheado e salgadinho.
A médica endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), explica que a alimentação das crianças e adolescentes é um reflexo dos maus hábitos dos adultos.
“A gente tem mais oferta de ultraprocessados. Os alimentos ultra calóricos estão super acessíveis para as crianças e adolescentes em casa. O reflexo disso é uma infância e adolescência com sobrepeso”, explica.
📱A médica ainda reforça que essa mudança de hábito veio associada a uma vida mais sedentária – o que também é mostrado na pesquisa. Os índices apontam que, entre as crianças e adolescentes com sobrepeso, a maioria passa tempo considerável em frente às telas e se alimentam diante delas.
“As crianças e adolescentes têm uma alimentação de pior qualidade e somado a isso estão mais sedentárias. Isso se reflete na pesquisa quando olhamos os índices nas grandes cidades, por exemplo, em que se caminha menos. A soma desses fatores cria esse cenário no país”, explica.
Qual o risco disso para o futuro?
Fernanda Soares ainda explica que o sobrepeso nessa idade pode causar uma série de problemas na vida adulta.
“O excesso de peso na infância e adolescência traz riscos imediatos e de longo prazo, com impactos diretos tanto para a saúde individual quanto coletiva. Do ponto de vista clínico, aumenta a probabilidade de desenvolver precocemente doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e doenças cardiovasculares, além de complicações respiratórias e distúrbios do sono”.
Além disso, a especialista reforça que essa alta precisa ter a atenção das autoridades, uma vez que pode pressionar os sistemas públicos de saúde no futuro.
MG1 Responde: conscientização sobre a obesidade infantil
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas